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Wednesday, November 19, 2014

Groupthinking - Teoria Argumentativa do Raciocínio (Portuguese version of the post on Argumentative Theory of Reasoning)

Nota: Depois de ter sobrevivido a quantidade de argumentos sem conteúdo que caracterizou a eleição no Brasil, achei melhor traduzir ao menos esse e os próximos posts. Há sempre uma pequena esperança de que alguém leia, se identifique e aprenda algo. Segue a tradução do último post, que é a primeira parte do que vou escrever sobre o tópico:

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Nós somos capazes de criar coisas incríveis, seja nas Ciências, em Tecnologia, ou como Arte. Nós fomos mais longe que qualquer outro ser vivo no nosso planeta e a escala de nossas conquistar não tem rival. No entanto, como temos visto, nossa capacidade de raciocinar, ainda que bem adaptada para o meio ambiente onde nossos ancestrais viveram, tem falhas graves e, ainda que sejamos capazes de realizar muito mais quando muitos de nós se juntam para isso, comunidades também são capazes de criar novos tipos de problemas quando tentamos descobrir a verdade.

Isso sugere a pegunta: por que somos exatamente como somos? Regras lógicas não são realmente complicadas e poderiam existir dentro dos nossos cérebros com um baixíssimo custo. Por outro lado, a Lógica Clássica (que discutirei em entradas futuras) assume que algumas afirmações sejam verdadeiras e, no mundo real, nós simplesmente não podemos assumir de início que certas premissas sejam a verdade. Dessa forma, é possível que a Lógica não tem sido facilmente aplicável nas circunstâncias de nossos antepassados. Ainda assim, resta o problema de quais forças teriam guiado a evolução de nosso intelecto até o ponto atual.

Hugo Mercier e Dan Sperber  propuseram recentemente uma ideia que parece capturar ao menos um aspecto essencial da resposta. Eles observaram que nossas
habilidades mentais e verbais, o que dizemos uns aos outros, não evolui para a procura da verdade. Eles sugeriram que, sendo seres sociais, nosso raciocínio evoluiu num ambiente em que, se os demais acreditassem em você, você teria mais poder e uma melhor chance de se reproduzir. Isso teria significado uma pressão evolutiva no sentido de sermos capazes de argumentar e convencer os demais, independentemente de nosso ponto de vista estar correto. Sua Teoria Argumentativa do Raciocínio (Argumentative Theory of Reasoning) afirma que nosso raciocínio existe com o propósito de nos tornar competentes em debater e convencer. O que é frequentemente bastante diferente de se chegar à resposta correta.

De fato, Mercier observou que a ideia de que raciocinamos para tornar nossos argumentos convincentes (argumentos que podem ou não ser verdadeiros) para se aplicar também a  crianças e a outras culturas.  Isso não quer dizer que não sejamos capazes de utilizar nossos intelectos na busca de soluções corretas para os problemas que encontrarmos. Quando comparamos, em uma entrada anterior, nossas habilidades de resolver os problemas lógicos formamelmente idênticos das cartas e do consumo de álcool, vimos que, nas situações que são familiares, nós éramos capazes de raciocinar de forma competente. Achar respostas melhores pode também ter contribuído para moldar nosso raciocínio. Mas a evidência de que boa parte dele evoluiu apenas para nos permitir convencer os demais é bastante convincente.

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